sábado, 3 de novembro de 2007

MegaScooterPortugal, GWCP, os média e o eterno retorno

"Chegámos gelados. Choveu durante quase toda a viagem, mas valeu apena, agora sim! começamos a ter grupo. A ideia foi tão só ir almoçar a uma tasca fenomenal em Entradas – A Cavalariça. O objectivo era saltar do virtual para a realidade e conhecermo-nos, conversarmos em directo e ao vivo. Foi isso que aconteceu, falámos muito de motas, como não poderia deixar de ser, mas falámos também de outras coisas. Afinal e contrariamente ao que a designação do grupo poderia indicar, não somos maníacos das scooters. Essas são apenas veículos de prazer e de relação com os outros. Assim, se estiverem de acordo, o logotipo que o amigo do Carlos Fortuna criou perderá “mania” e ganhará “Portugal”, ou seja o grupo passará a chamar-se MegaScooterPortugal. A mim pessoalmente não me move nenhum sentimento de nacionalismo exacerbado, apenas a necessidade de identificação com uma Pátria que transcende as fronteiras deste território e que é a nossa Língua.

Quanto ao Encontro as espectativas cumpriram-se, os companheiros que conheci correspondem à imagem que tinha deles aqui no espaço virtual. Foi óptimo conhecer-vos. Será seguramente óptimo vir a conhecer todos os outros membros do grupo. Por isso para os outros companheiros, ainda virtuais, fica o desafio de imaginarem outros espaços para mais encontros e passeios." Algures em 2005 - Crónica do I Encontro em Entradas


Neste percurso juntos já partilhámos coisas giras que encontraram eco em várias publicações, soloscooter, scooterviva, formula scooting (não tenho a certeza de ser assim que se chama) mas também o motojornal e a motociclismo, alguns desses artigos podem ser vistos em
http://www.megascooterportugal.com/home2. Partilhámos muitas outras que, no que me diz respeito, influem diariamente na forma como vejo o mundo, sem barreiras, sem tutelas de nenhum tipo de poder, sem a hegemonia de interesses particulares, com toda a liberdade que em cada momento consigo mobilizar em mim e nos grupos em que me revejo – MegaScooterPortugal, Goldwing Clube de Portugal, entre outros.

"Évora “Cidade de todos os Encontros” foi uma vez mais palco de uma cruzada de gente de várias pátrias: Portugueses, Espanhóis, mas também Sevilhanos Malaguenhos, Alicantinos, Eborenses, Algarvios, Portuenses. Se “...a minha pátria é a minha língua” essa tem sido enriquecida nos últimos tempos. Mistura-se com a língua irmã. De braço dado, o Português e o Castelhano, criaram para MegaScooter um sentido antes desconhecido.

A minha pátria começa a assentar nesta rede de relações de amizade e de solidariedade. A minha pátria foi Madrid de La Castiza. Já tinha sido o Algarve do primeiro encontro com os companheiros de Sevilha.

Este fim de semana Évora do Encontro Ibérico foi uma Pátria para nós todos. Não deixámos de ser cidadãos de um País, munícipes de um Concelho. Sobre o quotidiano institucional as cores cinza das pesadas nuvens da crise mundial, das guerras, dos jogos políticos, da corrupção, instalam raízes de tristeza.

Quando partimos para a Nação Scooteira, o sol do reencontro aquece os nossos corações. Não há chuva que nos demova, não há ventos que nos molestem. E mesmo nos dias cinzentos uma réstea desse sol perdura.

Deixem-me que vos diga: Para mim é um imenso privilégio ter-vos como amigos. Évora e o calor que se sentiu – mesmo com os 6 ou 7 º e a chuva – não foi da minha responsabilidade. A experiência da amizade faz-se com todos. Uma organização melhor ou pior não é um factor decisivo para estar bem com os amigos.



O click aconteceu quando começaram a chegar os primeiros companheiros, intensificou-se quando chegaram todos e perdura até ao próximo encontro. É este o nosso segredo. É este segredo que nos faz sorrir quando, na nossa memória, emerge o Sérgio com o seu megafone, o Rufino com o seu porte altivo e simpático de homem do sul, o Carlos Fortuna com o seu saber contagiante sobre o mundo das megas e de muitas outras coisas. Sorrimos ainda quando o nosso imaginário é atravessado pelo Miguel montado na sua eterna simpatia. Sorrimos quando nos lembramos do Paco Garrayo. Sorrimos e aplaudimos quando vimos o farto bigode do Zé Manel a espreitar-nos da sua Scooter 1800cc. Sorrimos quando revemos os rostos bonitos e solidários das companheiras que amamos: a Elisabete, a Virgínia, a Maria João, a Esme, a Luísa, a Rosy, a Susana, a Gema, a Ana Lia, a Loli, a Ana B...



Mas bonitos, simpáticos e solidarios são todos os rostos de todas as mulheres que não nomeei e que, mais que acompanhantes, são parceiras nesta aventura do perpétuo reencontro. São também todos os companheiros, com cabelos azuis ou grisalhos, louros ou negros, com mais superfície para a ternura (leia-se barrigas grandes) ou portes mais atléticos, mais velhos ou mais jovens, que, pela diversidade, nos enriquecem o sorriso.




Ilumina-se-nos o sorriso quando a imagem tímida do Fernando Magalhães nos faz reviver a harmonia duma conversa. Sorrimos com o Rui e a sua bonomia, com o Luís, com o Fernando Vaz e com a Ana. Nesta pátria de sorrisos, não consigo citar todos os nomes, mas não esqueço os vossos rostos todos.


Quanto a estes dois que me estão agora a espreitar, claro que não esqueço os nomes, apesar de ainda ter alguma dificuldade de associar o nome certo a cada um... Meus queridos companheiros Paulo e Fernando. Também não esqueço a Rosário e a Amandina que permitem que o Mundo das Scooters invada a família.

Desde que o Carlos Fortuna apareceu no grupo, onde durante umas horas estive só, os amigos foram aparecendo, os laços foram-se estreitando.


Mas agora já somos mais os Eborenses. O Quim Espada veio para ficar, o Alex e a Rita também e o Godinho com a sua Forza promete ser uma presença habitual.

Fomos TODOS, mas TODOS, que fizemos este Encontro Ibérico de MegaScooters, somos TODOS e muitos OUTROS que faremos os próximos Encontros.

Para TODOS os meus mais profundos sentimentos de uma sólida amizade em permanente construção. Felizmente todos chegámos bem, assim estamos, desde já, de partida para o próximo Encontro.

Um Abraço do tamanho desta nova Pátria que não é Portuguesa, não é Espanhola, nem será apenas Ibérica
Crónica do I Encontro Ibérico de Megascooters


O fascínio pela nova mota, naquele tempo uma honda silverwing, levou-me a tentar descobrir outros, tocados como eu pela mesma magia. A prevalência da liberdade em todos os meus actos explica o carácter aberto do MegaScooterPortugal no qual as scooters têm o protagonismo mas nunca a exclusividade. Tudo isto não determinou o rumo das coisas, apenas catalisou a relação que todos estabelecemos aí uns com os outros, que se aprofunda e densifica com scooter ou sem scooter.
Nunca tivemos a pretensão da exclusividade em nada, por isso o surgimento de 1 ou 10 grupos dedicados às scooters só poderia ser encarado aqui de uma forma, no mínimo, positiva. Também nunca excluímos ninguém por ter outro tipo de mota, ou por não ter mota ou ainda por ter mudado de mota (neste caso eu e o Aires já teríamos sido postos na rua e o Zé Caniço nunca teria entrado).
A inquietação que nos impele a viajar real, ou simbolicamente, nestas ou noutras fantásticas máquinas, que nos gera um desejo permanente de formar novas amizades, é a mesma que nos confere o direito à indignação com a mentira, a manipulação da opinião pública, até neste microcosmo mediático em torno das motas. Neste sentido, não é apenas o Paulo Henriques que se indigna quando se confronta com esses fenómenos, eu também partilho essa indignação. Este país é pequenino como pequeninos são os média que diariamente tentam modelar as nossas opiniões. O MegaScooterPortugal viu mais facilmente publicadas as suas actividades em revistas espanholas que portuguesas. Que eu saiba nenhum dos muitos encontros do GWCP teve eco nas revistas da especialidade portuguesas. Como compreendo o Saramago! Bom, mas isso é outro assunto!
Retornando ao mundo global das motas, mas com a mesma grelha de leitura do outro mundo penso que para estilhaçar os espartilhos pequeninos que decorrem da contaminação que sofremos por sermos daqui, devíamos cultivar mais o conhecimento, uns dos outros, claro! Nesse sentido julgo que nos devíamos encontrar, fora do circulo fechado dos nossos umbigos, enfim dos nossos grupos/clubes. Afinal como disse Vinicius "(...) a vida, amigo(s) é a Arte do Encontro ...".


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