domingo, 25 de novembro de 2007

A propósito de Encontros do NASA do GWCP

Uma destas quintas-feiras, como é hábito, foi noite de encontro NASA do GWCP. Dito assim até parece uma coisa envolta no Top Secret próprio que as designações inspiram. Mas não! Aqui no Alentejo, a Sombra da Azinheira é suficientemente difusa para permitir a visão clara de tudo. Isso do Top Secret são coisas de outras NASAs. Aqui tudo é claro,transparente e cristalino. Mesmo ontem à noite quando cheguei ao Golden Bean vi claramente que, segundos antes de mim, tinha chegado o companheiro Rodolfo na sua belíssima 1800. Estacionei a minha igualmente belíssima 1500 e o desabafo em jeito de cumprimento foi " Tá um frio do ... caraças" (isso era se fossemos do norte!) . Encaminhámo-nos para o Café. Ao fundo o único ser que mexia era a menina do Café que limpava qualquer coisa. O Rodolfo ainda tentou empurrar suavemente a porta e nada! A menina contemplava-nos com um ar indefinido não deixando transparecer a mínima reacção no rosto, nem aquela expressão como quem diz: "não se vê logo que está fechado, porra!" Mandei uma mensagem ao companheiro Castelos, que tinha marcado o encontro, e disse-lhe que íamos para o "Bigorna". O Zé Caniço já sabia (liguei-lhe para lhe comunicar a ocorrência), estava apenas a comer qualquer coisa em casa enquanto procurava o blusão com a fantástica 1500 bordada a ouro, para se adequar ao acontecimento, e pouco depois veio ao nosso encontro. Ficámos os três em animada cavaqueira até às 10.30 h. Passavam 30 m do Bigorna ter apagado metade das luzes do Café, cerca de 45 m depois dos últimos clientes terem saído e mais ou menos 30 minutos depois do companheiro Castelos me ter ligado a dizer que não estava em Évora quando decidimos sair do café. Mais um quarto de hora a gelar, perdão, a conversar cá fora e abalámos (significa: partimos, fomos embora, bazámos) cada um para a sua casa, presumo eu! Conclusão:

1 - Mesmo só a três um encontro é sempre agradável e o tempo é sempre escasso para tanta conversa que há para conversar entre amigos.

2 - Sobre a maioria dos cafés de Évora ... é melhor não comentar.

3 - Sobre as ausências obviamente decorrem da total liberdade de cada um para estar onde lhe apetece, como é óbvio! (Esta era evitável é um tanto lapalissiana)Até ao próximo, com 20, 3 ou mesmo 2 ainda há encontro. Menos de 2 é que é mais difícil

NASA: Núcleo À Sombra da Azinheira

GWCP: Goldwing Clube de Portugal

sábado, 24 de novembro de 2007

LIBERDADE

Cada um encontrará seguramente muitas verdades acerca do mau funcionamento da esfera política em Portugal. Para mim a incapacidade estrutural de criarmos em Portugal condições para o desenvolvimento é um problema histórico que teve o seu epílogo no salazarismo.

Uma espécie de ideário Nacional Socialista prevaleceu sobre toda a nossa história, desde que um bandido se voltou contra a mãe, assumindo este quintal como seu, passando pelo criação do mito ultramarino nas suas várias etapas históricas: Índia, Brasil e África, até ao final do Salazarismo.

Quando finalmente quase sem mitos (nos ecrans do imaginário português ainda se projecta difuso, ténue o mito europeu) nos encontramos connosco, porque a história é inexorável, constatamos que andámos um milénio subjugados a supostos arquétipos que não existem. Fora deste pequeno rectângulo não há mais nenhumas riquezas para explorar para os intrépidos navegadores portugueses do séc. XXI.

O D. Sebastião não existe, eventualmente nunca existiu e não aterrará em Portela nenhuma. Salazar teve uma miserável existência que ainda hoje explica elementos perversos da mentalidade tipo Nacional. Ele atravessa este mito do Sebastianismo e, mesmo depois de morto e enterrado, conspurca-o, soterra um mito romântico, com um rosto híbrido mas bonito, na hedionda massa sangrenta dos crimes cometidos pelo regime em Portugal e em África, silencia-o na matriz do obscurantismo, da censura, das perseguições por motivos religiosos. Eu preferia muito sinceramente esse Sebastião que não inventou a Pide, que não criou aos seu peitos um Cardeal Cerejeira, que não foi responsável por um autêntico genocídio em África. Preferia esse Sebastião que provavelmente deu a vida por um ideal mesmo se esse ideal não fosse meu.

Assistimos recentemente à tentativa de recuperar a imagem de Salazar. Isso faz parte do circo mediático a que estamos expostos. Também assistimos diariamente a guerras em directo, à fome aos crimes mais violentos. Tudo isso apenas serve para nos isolar porque isolados assimilamos muito mais facilmente tudo aquilo que os produtores de objectos políticos nos querem impingir. Isolados, encerrados na nossa esfera individual, despertam em nós desejos animais de consumir mais e mais quase sem limite. Na Alegoria da Caverna Global somos apenas sombras e os rostos dos nossos Demiurgos ostentam máscaras com rótulos perfeitos ao nível do design com conteúdos cromáticos cuja fruição nos dá a ilusão da felicidade.

No meio desta porcaria toda para nós, para mim seguramente, Salazar está enterrado e bem enterrado na casinha dos horrores cujas paredes caiadas ostentam um bolor fatal e o cheirinho a alecrim serve apenas para disfarçar o cheiro dos corpos putrefactos das suas vítimas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

CRÓNICA DO PENDURA - I ENCONTRO IBÉRICO NO ALGARVE

A propósito do I Encontro Ibérico de MegaScooters realizado no Algarve em 2005


por Elisabete Silva






CRÓNICA DO ANTES…



A excitação e a expectativa deste primeiro verdadeiro encontro eram grandes. No sábado de manhã ultimavam-se os preparativos para a partida… O Luís revelava alguma dificuldade em escolher a cor do único par de cuecas que levaria para esta jornada… e acabou por optar pelo verde repolho, o que, diga-se de passagem, na intimidade, lhe fica a matar. Ela, maquinalmente mexia no cabelo cortado na véspera, privilégio dos dias de festa (será que ia para alguma "vernissage"?!). Prontos e finalmente instalados naquela que partilha também insistentemente a vida do Luís, seguiram viagem, pela planície alentejana, rumo a Beja, numa versão apocalíptica do casal Michelin, para irem de encontro aos seus companheiros Carlos, Luísa, Ana e Jorge…


A VERDADEIRA CRÓNICA COMEÇA AQUI…



Depois de efusivos abraços, próprios dos reencontros, fomos, cúmulo do sacrilégio, almoçar numa grande superfície. O fast-food, (propriedade do mano dos manos do Algarve) que de fast só tem o nome, foi a nossa única alternativa, longa e demorada (eu sei…eu sei… são dois adjectivos que querem dizer o mesmo, mas assim fica mais literário!). Apesar da lentidão do serviço, a canja aconchegou alguns dos nossos estômagos famintos e preparou-nos para a próxima etapa. Foi também nesse momento que trocámos algumas palavras com o Jorge que ainda não conhecíamos… Seguimos então viagem, em direcção a Mértola e Alcoutim, deslumbrados e embevecidos com as paisagens que iam desfilando, desfrutando de um dia radioso pelas estradas portuguesas. Paragem em Alcoutim, vila encantadora à beira do Guadiana para aliviar o cóxis e refrescar a garganta. O Paulo e o Fernando (os nossos irmãos gémeos do Algarve, que eu só consigo distinguir quando o Paulo me mostra uma parte da sua intimidade… a cicatriz da sua perna), iam juntar-se a nós, estrada fora, naquela que seria a parte mais bonita do nosso percurso, esta estradinha quase paradisíaca ao longo do Guadiana, contrastando com as imensas paredes de betão, raiando o céu de Monte Gordo. Os nossos anfitriões algarvios conduziram-nos ao hotel Navegadores para um merecido banho. O hotel encontrava-se apinhado de velhinhos que tinham vindo em excursão e a quem tinham dado ordem de soltura por um fim-de-semana… A Ana B abandonou-nos para ir ter com a amiga e os nossos manos, perfeitos cumpridores das suas obrigações conjugais, também nos deixaram, entregues a nós próprios, à imensidão desmesurada do hotel e aos velhinhos… Os nossos manos lamentaram a falta das suas companheiras respectivas (nós também!!!) e que, possivelmente, não demoraria muito até que conseguissem derrubar as barreiras entre elas e as companheiras de lata…Voltámos a encontrar-nos às oito para o jantar nas catacumbas do hotel e alguns dedos de conversa…Seguiu-se uma intensa animação nocturna no salão do nosso hotel, preparada para os nossos excursionistas da 3ª idade e que não conseguiu gerar nenhum entusiasmo esfuziante da nossa parte… a não ser talvez do Jorge, que disfarçadamente deitava um olho para o meio do rebanho, na esperança de encontrar alguém (do sexo oposto!) ainda com alguma vitalidade… para uma perninha de dança. Decidimos então provar os "prazeres" da vida nocturna em Monte Gordo… A noite ventosa não estava muito convidativa e entrámos no primeiro bar que nos surgiu para nos deliciarmos com umas caipirinhas e umas ginginhas e mais alguns dedos de conversa. A Luísa, talvez desejosa de afogar algumas mágoas, sugava sofregamente, pelas duas palhinhas, a sua caipirinha. Não ficará aqui para registo a forma titubeante como saiu do bar… amparada pelo Carlos. Como calculam, esta parte em nada corresponde à verdade…Regressámos ao hotel, respondendo ao chamamento dos lençóis… O nosso companheiro Jorge, qual pai de família conduziu-nos até ao elevador, para se certificar que íamos realmente dormir e deixou-nos, dando meia volta, indo ao encontro de uma alemã janota, talvez ainda com alguma vitalidade… Só algumas horas nos separavam agora do encontro com os nossos outros companheiros do Algarve e com os nossos companheiros de Sevilha…


Fomos, eu e o Luís, os últimos a chegar à mesa do pequeno-almoço. O Jorge não aparentava ter olheiras, sinal de que a noite, afinal, tinha sido calma, sem sobressaltos… e com pouca vitalidade… Aproximava-se, a grande velocidade, o momento do encontro com megascooters de outras paragens, de outras terras… e se não é mais do que um lugar comum, as pessoas serão sempre mais importantes que as máquinas…Chegaram em catadupa, a Ana e a sua amiga, o Paulo, a Dulce, o Eduardo e o Mário (o Aviador). O Fernando ainda estava no cumprimento das suas tarefas dominicais e só mais tarde viria ter connosco. Rumámos até ao outro lado da fronteira, Ayamonte, numa perspectiva puramente economicista, a de poupar alguns trocos na gasolina. Eu e o Luís sentíamos a falta de um bom café, mas não foi em Ayamonte que ficamos saciados…Onze horas, era a hora combinada para nos encontrarmos com os nossos congéneres de Sevilha, na ponte que liga Portugal a Espanha. Até o local escolhido tinha o seu lado simbólico… mas infelizmente desencontramo-nos momentaneamente dos nossos companheiros espanhóis, o que foi rapidamente solucionado com um telefonema do Miguel, mentor do grupo de Sevilha. E ali estavam elas, alinhadas e resplandecentes sob o sol algarvio… Burgmans, Silverwings, Piaggos, Aprillia e BMW. Cumprimentos esfuziantes de todos os participantes, perante o espanto de alguns transeuntes e de alguns automobilistas. Éramos já vinte e quatro e cerca de dezasseis motas (perdoem-me se a conta estiver errada, mas eu sou de letras). Um intenso regozijo enchia o peito do Luís, do Carlos e do Miguel (já de si bem amplos…), perante a concretização deste acontecimento. Lá fomos em comitiva, encabeçada pelo nosso chefe de fila, o Mário, até ao molhe de Vila Real de Santo António para uma das muitas sessões fotográficas do dia. Mais para a esquerda! Juntem-se mais! Fechem a boca! Tirem os dedos do nariz! Saiam da frente! O Jorge lá teimava em não querer ficar em todas as fotografias…O Carlos e o Miguel pousaram para a posteridade, mostrando o peito (o Carlos sem no entanto conseguir encolher a barriguinha…), onde podíamos ver os logótipos destas duas associações de malfeitores rolantes. E porque o árduo trabalho de pousar para as gerações vindouras abre o apetite, dirigimo-nos até à TASCA DO ZÉ, onde nos esperava o almoço. Este foi o momento para nos conhecermos melhor, falar de tudo um pouco… Vou abster-me de referir o que cada um comeu e bebeu, seria entrar demasiado na intimidade de cada um… Esperámos muito pelo o almoço… A fronteira entre Alentejo e o Algarve é muito ténue… O Jorge impacientava-se, barafustava e reclamava a sua parte da marmita dominical: Ó se faz fabor! Atão o cabrito? Tenho de ir comer à cozinha?? O final do almoço, foi o momento áureo deste encontro, onde assistimos a uma troca de lembranças de parte a parte. Num gesto simpático e simbólico, os nossos companheiros de Sevilha ofereceram-nos um prato em cerâmica que registará para sempre (isto é se ele não se partir nas mãos do Carlos!) este acontecimento, prenúncio de muitos outros e um cartaz da primeira Hispalense. Retribuímos com um exemplar único e modelo exclusivo (por enquanto!) do relógio da MegaScooterPortugal. O tempo segue inexoravelmente o seu caminho e aproximava-se já a hora da despedida. Fomos até Cacela Velha, mostrar algumas das bonitas paisagens do Algarve aos nossos companheiros espanhóis. A Ria Formosa serviu de cenário para as últimas fotografias do dia. Foi tempo de despedida, saudosos já de futuros encontros pelo país fora ou noutras paragens… Seguimos viagem em direcção ao norte, acompanhados por uns instantes pelos nossos amigos de Sevilha, rumo à rotina diária e aos afazeres ritualizados. A viagem foi algo penosa… A estrada em obras dificultou o nosso regresso e impunha-se uma primeira paragem para aliviar a bunda (pouco literário!) e a bexiga… Há sempre um episódio assim: as paragens para a "mijinha de beira de estrada", genuinamente portuguesas. O Carlos e o Luís foram apanhados com a boca na botija ou deverei antes dizer com a mão na coisa. Tal obscenidade foi testemunhada por mim e pela Ana que a registou em fotografia, mas que infelizmente a comissão de censura deste grupo e o nosso pudor também ,não permitirão que venham a público. Este triste acontecimento, que ensombrou a parte final da nossa jornada, teve lugar entre o Algarve e o Alentejo, na fronteira entre os dois, mas infelizmente para os nossos amigos do Algarve, ainda em terras algarvias… Tais imagens, representativas da imoralidade que grassa neste país, fariam corar as meninas do Intendente. Chegamos, enregelados pelo frio e doridos da viagem, mas com um sentimento de satisfação interior que dificilmente esqueceremos e porque afinal…nós por cá todos bem…


8/03/2005


Toranja








A minha resposta não tardou, estavam em causa as minhas opções estéticas em escolhas intimas:




Temos contas a ajustar! Isso de revelar aqui pormenores da nossa vida privada ... Devo esclarecer que o verde não é repolho, é mais escuro, mais sóbrio ... bom, também ninguém tem nada com isso, gajo que é gajo não se fixa nesses pormenores das cores das cuecas, portanto quero deixar bem claro que meti na mochila as primeiras cuecas que encontrei (minhas claro! não vou procurar cuecas às gavetas das gajas lá de casa ... ora esta! obrigar-me a dissertar aqui, na praça pública, sobre cores de cuecas!).
O conceito de côr é subjectivo, depende de um conjunto de factores de natureza física (a luz por exemplo) e de natureza simbólica. A cada côr, para cada indivíduo, está associado um conceito. Por exemplo para os benfiquistas o verde é uma côr demoníaca, já para os democratas cristãos o vermelho é satânico. As construções socio-psicológicas que fazemos das cores dependem ainda de factores geo-sociológicos. Para um artista plástico Norueguês a paleta de cores espraia-se pelas cores frias e os tons claros. Para o Malangatana ou para o Roberto Chichorro o mundo revela-se em cores quentes e tons fortes. A toranja é um citrino ácido de cor incandescente, por isso captou uma parte da energia do verde das minhas cuecas. Para acabar com a discussão poderia fotografar as cuecas e abrir um inquérito aqui para avaliar se o verde é seco e discreto ou se é repolho. Seria um problema se a concepção cromática maioritária alinhasse pelo conceito toranja, aí podia-se desencadear uma procura brutal a cuecas verde-repolho com efeitos imprevisíveis no ranking global de vendas de cuecas. Assim fico por aqui, não vá o diabo tecê-las!


LG

"The Car on Two Wheels"

"The Car on Two Wheels" era o nome que eu surripiava a um anuncio inglês da Unibus dos anos vinte para baptizar a história das Scooters. A recolha de imagens foi feita no site scootermaniacs. "Mega" Scooters dos primórdios do século passado até aos anos 60. Sim megas porque todas têm motorizações entre os 125cc e os 300 cc. Nesse tempo eram raras as motas que tinham motores maiores. Estas máquinas eram anunciadas e dotadas para uma utilização em cidade e em grandes viagens. Eu diria que quase todas tinham melhores condições para viajar que as motas convencionais da altura, prova disso é o uso frequente do side car como opção. Muitos dos fabricantes destas preciosidades eram antigas marcas de aviões que não subsistiram ao pós-guerra. A maior parte das marcas não chegaram aos nossos dias. No entanto algumas são marcas bem conhecidas ... MV Augusta, Harley Davidson, Moto Guzzi, Triumphe Honda são alguns dos logos que nos surpreendem.Do ponto de vista técnico as semelhanças às motas convencionais são grandes. O uso dos motores a dois tempos em posição central, bem como as caixas de velocidades é comum. O equipamento de luxo é uma constante que diferencia estas máquinas das motas convencionais,salientando-se a protecção aerodinâmica com o uso frequente de ecrans, a roda sobressalente e, no caso da Bond, o motor de arranque eléctrico. Estávamos no limiar da adopção da transmissão automática. A Honda já adopta essa inovadora tecnologia, todas as outras têm caixa de velocidades. Se na primeira metade do século as scooters tiveram uma evolução espantosa ultrapassando em larga escala a tecnologia das motas, durante a segunda metade do século quase desapareceram, resistindo a Vespa, a Lambretta e pouco mais. Esta travessia do deserto terminou já no final dos anos 80 com o lançamento da CN, precursora actual das novas MegaScooters. O conceito actual, como podemos constatar pelas nossas máquinas, é um caminho carregado de futuro.

Publicado em www.megascooterportugal.com em 7/02/2006

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

GENTE

Este grupo de gente que se relaciona com alguma frequência, aqui no ciberespaço, em Évora, no país, no Mundo, porque tem o mesmo tipo de mota, ou porque apenas tem mota, prima pela heterogeneidade social, política, de condição económica e religiosa, etc. O desafio é conseguirmos enriquecer-nos pessoalmente com estas relações que, sem a mediação das motas, não se concretizariam. Enriquecer pessoalmente é conseguirmos ser mais tolerantes, é ganharmos uma maior elasticidade na nossa grelha de análise/inclusão de outros na nossa esfera de relações. Isso significa paulatinamente anularmos defesas que erigimos em torno de nós próprios e que são crivos de relação. Defendermo-nos muito dos outros é privarmo-nos dos outros, é no fundo rejeitar o que de bom e eventualmente mau os outros nos aportam. A melhor defesa que podemos "jogar" nas relações é garantir que elas acontecem numa matriz aberta de comunicação e, se assim for, não há mal que nos chegue, temos sempre um canal aberto ao diálogo. Essa é a melhor defesa. Nesse sentido " (...) enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar, enquanto houver ventos e mar a gente não vai parar (...)" disse o Jorge Palma e eu acrescento: Enquanto houver estrada para andar a gente vai integrar mais e mais gente nesta nossa caravana pela vida, sendo que viver é aproveitar tudo aquilo que nos rodeia para uma engenharia permanente da felicidade.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Ronda dos Quatro Caminhos - Sulitânia

1º Andamento

Em Terra de Abrigo esta gente derrubou estigmas, desafiou convenções e demonstrou que a música não se sujeita a rótulos. À Beira do Sul ficou claro que num espaço e num tempo acontecem encontros, estabelecem-se relações, entabulam-se diálogos, sempre numa salutar conflitualidade. É esta conflitualidade que distingue estes dois trabalhos da Ronda. O caminho não foi o da fusão homogeneizante da World Music, bem pelo contrário, nenhum dos participantes perdeu identidade. Todos ganharam neste confronto existencial e todos partiram para retomarem os seus caminhos. Depois do concerto que acabou à meia-noite e do (des)concerto que se prolongou pela madrugada(para alguns) fomos almoçar ao Vimieiro, à Casa de Comes e Bebes do Manel Escada. Aquilo não é bem uma casa de comes e bebes é mais uma galeria de arte. Não há nada que se coma ou que se beba naquela casa que não tenha a marca da imensa criatividade da Maria José e do Manel. Ela é mestra na arte dos sabores ele é um artista nas relações que estabelece com os incautos clientes que rapidamente deixam de o ser e passam a amigos. Não consegui encontrar nada que não fosse sublime, desde as entradas às fantásticas laranjas com azeite e mel tudo tem a marca de um imenso saber e de uma inquietação criativa que marca o objecto artístico. Aqui o objecto artístico come-se, ou seja excede-se na sua função suprema de comunicar com o público e a emoção do olhar sente-se no paladar daquilo que, por exemplo, a minha filha chamou a melhor refeição que comeu desde sempre. A escolha dos fluidos que pontuam esta experiência esotérica é também prova de um saber que o Manel revela num sorriso solidário ao explicar a origem do Mouchão tinto ou a diferença de graduação entre a aguardente velha de Mouchão e o néctar de Deuses que dá pelo nome de Licoroso de Borba. Enfim a experiência começou à uma e meia e acabou perto das seis da tarde. Foi mais um fim de semana marcado pelo imensidão de emoções vividas com música, com cante, com gente, com sabores e saberes que cruzam este universo de cumplicidades que partilhamos desde outros tempos.

2º Andamento


Ao fim de 4 eventos, marcados pela música, na Arena de Évora aconteceu um fenómeno estranho: Sulitânia, e aquele espaço, que antes não deixou de ser uma Praça de Touros maquilhada de sala de espectáculos, transformou-se numa catedral. A música, as vozes e os silêncios fundiram-se com os aplausos emocionados. Sulitânia é música no feminino (como o próprio conceito linguístico) e assim não é de estranhar que sulitânia marque para todo o sempre a passagem por aquele local das mulheres mais belas do Mundo, as Adufeiras de Monsanto
e, claro, todas as outras do Eborae Música, dos Cantares de Évora e do Opus Quatro. Este universo de uma sensibilidade e de uma criatividade arrepiante só podia resultar do confronto dialéctico com uma masculinidade que o atravessa sem pretensões hegemónicas mas também sem nenhum tipo de subserviência. Sulitânia é também uma Terra de Abrigo, mas é mais, é um caminho para outros espaços, é a via para a redensificação cultural de territórios votados à desertificação. Quando sentimos a dor aguda e profunda de não percebermos o que andamos a fazer num mundo de mediocridade homogeneizante basta regressar a estas sonoridades e imediatamente se entende que valeu a pena, vale sempre a pena! O Caminho é mesmo por aí!

Goldwing e Euskal Herria - Agosto de 2006

A viagem ao Pais Basco em sofá rolante serviu para várias coisas: Vivemos intensamente a realidade de um povo com uma determinação que eu nunca antes tinha sentido em sítio nenhum da parcela de Mundo que conheço. Aquela gente tem um território lindíssimo, com um nível de desenvolvimento notável e uma capacidade de regeneração dos modelos de desenvolvimento, alucinante. Bilbao com o Guggenheim está a transformar-se numa cidade de cultura mantendo e musealizando alguns estigmas industriais que marcaram os últimos 2 séculos da sua história. Esta gente tem uma das 3 línguas da Europa (Finlandês, o Magiar e o basco)) cuja raiz se desconhece. Em comum com os "Espanhóis" têm muito pouco. A via é de facto a encetada por Zapatero com a negociação com a ETA no sentido do aprofundamento da autodeterminação daquelas três regiões - Vizcaia, Guipozcoa e Alava.Curtimos paisagens e lugares lindíssimos e excelentes para viajar de mota. A gastronomia Basca é variada e rica, desde as coisas do Mar às da terra tudo serve para fazer saborosíssimos pintxos bem regados com sidra, ou canhas ou um bom Rioja.Nesta altura do ano há festas populares em todo o lado, foi divertido petiscar nas tascas das associações e dos partidos. Por fim "aquilo", leia-se Goldwing, é mesmo um sofá rolante, ao fim de quase 900 Km estamos frescos e prontos para continuar a andar de mota. A facilidade de condução nas diversas situações é a nota dominante desta primeira experiência de 3000 Km em GW. Em forma de conclusão diria que a Scooter ideal deveria ter um motor de 6 cilindros e caixa automática. Os 6 cilindros e os 1500 cc permitem que o limite de rotações se faça às 5000 rpm, ou seja aquilo parece um tractor, tem força e binário disponível que permitem andar em 5ª desde os 50 km/h até aos ... (?) (A Elisabete e os radares não me deixaram passar dos 160 Km/h).

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

À beira da Jangada de Pedra - Pirinéus 2007

Segunda viagem em Agosto de 2007. Destino Pirenéus, espanhóis e franceses. Desta vez fomos de mota com os amigos Carlos e Luísa Fortuna. O Carlos não encontrou a mota dos seus sonhos para substituir a Silverwing e lá foi de Ford Focus. Repartimos 8 noites entre Candanchu (3), Foix (3), Andorra (1) e Cuenca (1).Depois das montanhas Norueguesas os Pirenéus perdem um pouco da beleza e da frescura que de facto têm. A culpa foi nossa que devíamos ter optado por paisagens mais planas que não nos recordassem comparações. No entanto passear de mota e com amigos é sempre bom. No regresso saímos da cansativa autovia Zaragoza/Madrid e seguimos para Cuenca pelo Parque Natural do Alto Tejo. Estradinhas que serpenteiam por uma paisagem agreste, selvagem e quente. Vale a pena! A Cuenca gira empoleirou-se nas falésias no século XIV e por lá continua a desafiar a gravidade. O resto da cidade não se projecta nas recordações dos passantes. Jantámos numa tasca com boa comida manchega. Este vosso amigo deleitou-se com umas migas à pastor e uma caldereta de cordero. Por fim percorremos os cerca de 650 Km que nos faltavam passando pelas circulares madrilenas e depois pela inevitável autovia da extremadura que, no regresso, parece que nunca mais acaba. A temperatura exterior já ia nos 36º informava-me por rádio o Carlos. No meu veiculo só se fazia sentir mesmo a exterior.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Já ando de mota

Já ando de mota ... estou muito mais atento! Hoje, quando vinha para a Câmara imaginei toda a gente a vir para a cidade de mota e dei comigo a pensar na discussão a que tenho assistido no MCV sobre a directiva da Comissão Europeia. Aquela que contempla a extensão da licença para conduzir motas 125 cc limitadas a 11KW a detentores de carta de automóveis ligeiros há mais de 2 anos. Do ponto de vista da qualidade de vida nas cidades parece-me que o incentivo ao uso dos veículos de duas rodas é uma medida positiva. A poluição a todos os níveis (química, física, estética/visual) provocada pelos “objectos” de lata em que nos deslocamos sozinhos,frequentemente, coloca problemas de gestão urbana insolúveis e implica consumos de energia disparatados e insustentáveis a curto prazo. A asfixia das cidades pelos automóveis é uma realidade tanto mais difícil de resolver quanto menores são os índices de desenvolvimento dos países. Orgulhosamente na cauda da Europa somos dos mais afectados por esse problema, por termos redes de transportes públicos pouco eficazes e sobretudo por termos um imaginário consumista para o qual o automóvel é um símbolo de ostentação de poder. Nesse sentido a relação com o automóvel é perversa porquanto o entendemos como uma espécie de arma de arremesso contra os fantasmas que nos atormentam e que projectamos nos outros, ou seja sublimamos as nossas frustrações através do automóvel. Na rua, no café na esplanada raramente apelidamos aqueles com que nos cruzamos de nabos, filhos desta e daquela, mas dentro daquela micro-fortaleza de lata esse é o léxico "normal". Assim se percebem as diferenças fundamentais entre o automóvel e a mota. O automóvel é o nosso "castelo", de mota somos apenas "cavaleiros andantes". Isto não significa que a mota não seja também um instrumento de poder, e que os motards primem em geral por um grande civismo nas estradas, só significa que o grau em que isso acontece é tendencialmente menor. Na minha opinião a tendência para um maior respeito pelos outros acentua-se com a experiência, com a idade e com o conhecimento das regras formais e informais da estrada.A medida preconizada pela integração desta directiva comunitária tem gerado algumas opiniões contrárias no fórum do MCV, pela alegada incapacidade dos automobilistas, com carta há mais de 2 anos, de conduzir motas (relembro 125cc até aos 11Kw). Nós, que temos carta de mota, supostamente somos mais dotados porque aprendemos a conduzir motas nas escolas de condução. Será isto verdade? Para mim é óbvio que não. Aprendemos a conduzir bicicletas, motoretas e motas, como aprendemos a conduzir carrinhos de rolamentos na nossa infância. Na escola de condução dizem-nos que para passar no exame temos que fazer "oitos" e normalmente damos uma volta de mota para nos habituarmos à máquina. Desse ponto de vista julgo que uma utomobilista, que muitas vezes já anda na sua scooter 50cc para irpara o trabalho, está mais apto para conduzir uma 125 cc do que estávamos para conduzir uma 1100cc quando tirámos a carta de mota.Esta medida pode contribuir para dignificar a imagem que muitos automobilistas têm dos motards porque eles próprios passarão a ser condutores de mota. Alguns argumentam que por detrás do movimento gerado para reclamar a integração da directiva no nosso ordenamento jurídico estão interesses dos representantes das marcas e dos concessionários. É obvio que sim, mas será que todos os outros interesses que têm a ver com a nossa qualidade de vida não se sobrepõe a esses? Para mim é evidente que sim.

A propósito do acidente narrado algures aqui no blog em 2005

sábado, 3 de novembro de 2007

Calor o deserto, o ministro e a nova GL 1500








Nós por cá todos bem! Eu curto o deserto, esta margem sul que, para o ministro Mário Lino, vai desde Almada a Vila Real de Santo António. e para o Governo estende-se por toda a geografia do isolamento, do encerramento de serviços de saúde, escolas e estações de correios.

Lá terei eu que explicar: Um dia destes deixei a mota na Motodiana para carregar a suspensão. Ao fim do dia fui buscá-la, andei umas dezenas de metros e apreciei, por escassos instantes, a melhoria operada no comportamento da mota pela maior firmeza da suspensão. Eis senão quando fiquei com a direcção bloqueada e com dificuldade em manter a mota em cima da estrada. Parei, telefonei ao Gaiato e disse-lhe que alguma coisa se devia ter passado com a direcção da motorizada pois estava tão pesada que quase não a conseguia virar. À espera do Gaiato sofrendo com os quase 45º ao sol, olhei melhor para a roda da frente e então fez-se luz: O pneu estava furado. De regresso à Motodiana ainda a mota não tinha saído da carrinha dei comigo a olhar para aquela beldade, de um lado, do outro e de frente, aturdido com os raios arroxeados que dela emanavam. Já a conhecia, esteve quase para ser a minha primeira Goldwing. Na verdade a GL verde estava óptima mas os 86000 Km foram feitos, a outra, que sorria para mim, apenas tinha rodado uns escassos 32000 Km. Fui experimentar e ... ela disse que sim!

MegaScooterPortugal, GWCP, os média e o eterno retorno

"Chegámos gelados. Choveu durante quase toda a viagem, mas valeu apena, agora sim! começamos a ter grupo. A ideia foi tão só ir almoçar a uma tasca fenomenal em Entradas – A Cavalariça. O objectivo era saltar do virtual para a realidade e conhecermo-nos, conversarmos em directo e ao vivo. Foi isso que aconteceu, falámos muito de motas, como não poderia deixar de ser, mas falámos também de outras coisas. Afinal e contrariamente ao que a designação do grupo poderia indicar, não somos maníacos das scooters. Essas são apenas veículos de prazer e de relação com os outros. Assim, se estiverem de acordo, o logotipo que o amigo do Carlos Fortuna criou perderá “mania” e ganhará “Portugal”, ou seja o grupo passará a chamar-se MegaScooterPortugal. A mim pessoalmente não me move nenhum sentimento de nacionalismo exacerbado, apenas a necessidade de identificação com uma Pátria que transcende as fronteiras deste território e que é a nossa Língua.

Quanto ao Encontro as espectativas cumpriram-se, os companheiros que conheci correspondem à imagem que tinha deles aqui no espaço virtual. Foi óptimo conhecer-vos. Será seguramente óptimo vir a conhecer todos os outros membros do grupo. Por isso para os outros companheiros, ainda virtuais, fica o desafio de imaginarem outros espaços para mais encontros e passeios." Algures em 2005 - Crónica do I Encontro em Entradas


Neste percurso juntos já partilhámos coisas giras que encontraram eco em várias publicações, soloscooter, scooterviva, formula scooting (não tenho a certeza de ser assim que se chama) mas também o motojornal e a motociclismo, alguns desses artigos podem ser vistos em
http://www.megascooterportugal.com/home2. Partilhámos muitas outras que, no que me diz respeito, influem diariamente na forma como vejo o mundo, sem barreiras, sem tutelas de nenhum tipo de poder, sem a hegemonia de interesses particulares, com toda a liberdade que em cada momento consigo mobilizar em mim e nos grupos em que me revejo – MegaScooterPortugal, Goldwing Clube de Portugal, entre outros.

"Évora “Cidade de todos os Encontros” foi uma vez mais palco de uma cruzada de gente de várias pátrias: Portugueses, Espanhóis, mas também Sevilhanos Malaguenhos, Alicantinos, Eborenses, Algarvios, Portuenses. Se “...a minha pátria é a minha língua” essa tem sido enriquecida nos últimos tempos. Mistura-se com a língua irmã. De braço dado, o Português e o Castelhano, criaram para MegaScooter um sentido antes desconhecido.

A minha pátria começa a assentar nesta rede de relações de amizade e de solidariedade. A minha pátria foi Madrid de La Castiza. Já tinha sido o Algarve do primeiro encontro com os companheiros de Sevilha.

Este fim de semana Évora do Encontro Ibérico foi uma Pátria para nós todos. Não deixámos de ser cidadãos de um País, munícipes de um Concelho. Sobre o quotidiano institucional as cores cinza das pesadas nuvens da crise mundial, das guerras, dos jogos políticos, da corrupção, instalam raízes de tristeza.

Quando partimos para a Nação Scooteira, o sol do reencontro aquece os nossos corações. Não há chuva que nos demova, não há ventos que nos molestem. E mesmo nos dias cinzentos uma réstea desse sol perdura.

Deixem-me que vos diga: Para mim é um imenso privilégio ter-vos como amigos. Évora e o calor que se sentiu – mesmo com os 6 ou 7 º e a chuva – não foi da minha responsabilidade. A experiência da amizade faz-se com todos. Uma organização melhor ou pior não é um factor decisivo para estar bem com os amigos.



O click aconteceu quando começaram a chegar os primeiros companheiros, intensificou-se quando chegaram todos e perdura até ao próximo encontro. É este o nosso segredo. É este segredo que nos faz sorrir quando, na nossa memória, emerge o Sérgio com o seu megafone, o Rufino com o seu porte altivo e simpático de homem do sul, o Carlos Fortuna com o seu saber contagiante sobre o mundo das megas e de muitas outras coisas. Sorrimos ainda quando o nosso imaginário é atravessado pelo Miguel montado na sua eterna simpatia. Sorrimos quando nos lembramos do Paco Garrayo. Sorrimos e aplaudimos quando vimos o farto bigode do Zé Manel a espreitar-nos da sua Scooter 1800cc. Sorrimos quando revemos os rostos bonitos e solidários das companheiras que amamos: a Elisabete, a Virgínia, a Maria João, a Esme, a Luísa, a Rosy, a Susana, a Gema, a Ana Lia, a Loli, a Ana B...



Mas bonitos, simpáticos e solidarios são todos os rostos de todas as mulheres que não nomeei e que, mais que acompanhantes, são parceiras nesta aventura do perpétuo reencontro. São também todos os companheiros, com cabelos azuis ou grisalhos, louros ou negros, com mais superfície para a ternura (leia-se barrigas grandes) ou portes mais atléticos, mais velhos ou mais jovens, que, pela diversidade, nos enriquecem o sorriso.




Ilumina-se-nos o sorriso quando a imagem tímida do Fernando Magalhães nos faz reviver a harmonia duma conversa. Sorrimos com o Rui e a sua bonomia, com o Luís, com o Fernando Vaz e com a Ana. Nesta pátria de sorrisos, não consigo citar todos os nomes, mas não esqueço os vossos rostos todos.


Quanto a estes dois que me estão agora a espreitar, claro que não esqueço os nomes, apesar de ainda ter alguma dificuldade de associar o nome certo a cada um... Meus queridos companheiros Paulo e Fernando. Também não esqueço a Rosário e a Amandina que permitem que o Mundo das Scooters invada a família.

Desde que o Carlos Fortuna apareceu no grupo, onde durante umas horas estive só, os amigos foram aparecendo, os laços foram-se estreitando.


Mas agora já somos mais os Eborenses. O Quim Espada veio para ficar, o Alex e a Rita também e o Godinho com a sua Forza promete ser uma presença habitual.

Fomos TODOS, mas TODOS, que fizemos este Encontro Ibérico de MegaScooters, somos TODOS e muitos OUTROS que faremos os próximos Encontros.

Para TODOS os meus mais profundos sentimentos de uma sólida amizade em permanente construção. Felizmente todos chegámos bem, assim estamos, desde já, de partida para o próximo Encontro.

Um Abraço do tamanho desta nova Pátria que não é Portuguesa, não é Espanhola, nem será apenas Ibérica
Crónica do I Encontro Ibérico de Megascooters


O fascínio pela nova mota, naquele tempo uma honda silverwing, levou-me a tentar descobrir outros, tocados como eu pela mesma magia. A prevalência da liberdade em todos os meus actos explica o carácter aberto do MegaScooterPortugal no qual as scooters têm o protagonismo mas nunca a exclusividade. Tudo isto não determinou o rumo das coisas, apenas catalisou a relação que todos estabelecemos aí uns com os outros, que se aprofunda e densifica com scooter ou sem scooter.
Nunca tivemos a pretensão da exclusividade em nada, por isso o surgimento de 1 ou 10 grupos dedicados às scooters só poderia ser encarado aqui de uma forma, no mínimo, positiva. Também nunca excluímos ninguém por ter outro tipo de mota, ou por não ter mota ou ainda por ter mudado de mota (neste caso eu e o Aires já teríamos sido postos na rua e o Zé Caniço nunca teria entrado).
A inquietação que nos impele a viajar real, ou simbolicamente, nestas ou noutras fantásticas máquinas, que nos gera um desejo permanente de formar novas amizades, é a mesma que nos confere o direito à indignação com a mentira, a manipulação da opinião pública, até neste microcosmo mediático em torno das motas. Neste sentido, não é apenas o Paulo Henriques que se indigna quando se confronta com esses fenómenos, eu também partilho essa indignação. Este país é pequenino como pequeninos são os média que diariamente tentam modelar as nossas opiniões. O MegaScooterPortugal viu mais facilmente publicadas as suas actividades em revistas espanholas que portuguesas. Que eu saiba nenhum dos muitos encontros do GWCP teve eco nas revistas da especialidade portuguesas. Como compreendo o Saramago! Bom, mas isso é outro assunto!
Retornando ao mundo global das motas, mas com a mesma grelha de leitura do outro mundo penso que para estilhaçar os espartilhos pequeninos que decorrem da contaminação que sofremos por sermos daqui, devíamos cultivar mais o conhecimento, uns dos outros, claro! Nesse sentido julgo que nos devíamos encontrar, fora do circulo fechado dos nossos umbigos, enfim dos nossos grupos/clubes. Afinal como disse Vinicius "(...) a vida, amigo(s) é a Arte do Encontro ...".


quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A Tal Feijoada

O dia estava solarengo à laia de "primaveril" e então por volta das 11 horas telefonei para o Restaurante Machado a marcar mesa para 8 pessoas de preferência na esplanada (quintal).
Quem me atendeu (às 11 horas amigos !!) disse-me que não sabiam se ia ser possivel ocuparmos a esplanada pois estava lá um grupo a "lanchar" ( repito às 11 horas da manhã) e não sabiam a que horas iam sair, mas que fariam o possivel para atender o meu pedido.

Tinha combinado com o Bruno Gonçalves encontrar-me com ele na bomba BP de Évora às 12h45m , pois ele não sabia onde era o restaurante e assim fiz.
Pelas 13 horas chegamos ao restaurante e os proprietários tinham atendido o meu pedido de nos servir na esplanada, pois os outros clientes das 11 horas já tinham "lanchado".
Para quem não está familiarizado com os hábitos e costumes alentejanos eu vou esclarecer o enigma de uma vez por todas. Os caçadores que começam a caçar muito cedo, quando terminam a caça a meio da manhã costumam ir comer e é a essa refeiçaõ que chamam lanche. Confesso-vos com conhecimento de causa que esse lanche normalmente é composto por grandes nacos de pão alentejano, chouriço, queijo, carne grelhada e vinho, muito mas muito vinho.
Por volta das 13h20m lá chegaram os outros comensais. O grupo era composto por 14 pessoas incluindo o meu filho de 4 anso ( que nos evitou uma mesa de 13 - LIVRA !! ).
As entradas sempre de acordo com a região:
Pão, Queijo, Manteiga, Azeitonas, Ovos de codorniz e Pataniscas (estas a distinguirem-se por excelência).
O melhor do almoço estava para vir quando vieram tirar o pedido e nós solicitamos uma carne grelhada para as crianças e feijoada para todos os outros. Meus amigos atenção ao que vos vou dizer : alguém imagina ir ao Fuso e o bacalhau estar esgotado ??? - alguem imagina ir a Vendas Novas e as bifanas estarem esgotadas ??? NÃO - pois é a feijoada estava mesmo esgotada !!!! - claro que isto serve até de desculpa para lá irmos outra vez, mas o impensavel aconteceu.
Posto isto tivemos que recorrer a uma mista de carnes grelhadas para todos como documenta a foto.
Estivemos no Restaurante até por volta das 17 horas onde foi decidida a iniciativa a tomar em breve atendendo à quadra natalícia que se aproxima e de que brevemente daremos noticias através das mailing lists do GWCP e das MegaScooters, mas que levantando um pouco do véu posso adiantar que se vai chamar " Caravana pela felicidade " e que espero desde já da vossa parte uma adesão em massa.


O pequeno acidente

O conceito de "pequeno acidente" de mota é complexo. De carro pode dizer-se que um pequeno acidente é um toque a velocidade reduzida, com poucos danos materiais e nenhuns danos corporais. De mota um pequeno toque a baixa velocidade pode ser um pequeno acidente ou pode ser um acidente com consequências graves para a integridade física do protagonista. Por exemplo no caso do meu acidente: o meu equipamento era um capacete shubert, blusão Bering com protecções e luvas com protecções. Caí de costas e bati com a cabeça no chão (não com muita violência). Fiquei ligeiramente dorido nos músculos do pescoço, braços e lombares. Julgo que foi mais da tensão do que propriamenteda queda. Se o mesmo acidente me tivesse acontecido no Verão provavelmente estaria em Tshirt, capacete aberto e sem luvas. Nessas circunstancias o mesmo acidente provavelmente teria um grau degravidade bem maior. Isto vai servir-me de ensinamento no que diz respeito ao facilitismo no uso de equipamento adequado no dia a dia. 12/1/2005



De facto não serviu logo, só agora, passados 2 anos dessa estória e depois de ter visto o resultado de uma queda em "mangas de camisa" nos braços, pernas e ombros do Aurélio, é que finalmente decidi passar a usar SEMPRE um blusão protegido totalmente perfurado e portanto excelente para o verão.