sexta-feira, 16 de junho de 2006

Encontro Megascooter Club de Sevilla - Paso del Estrecho

Ceuta, 16 a 18 de Junho de 2006

Dia 1:
Saímos às 9h45 m de Olhão bem equipados com fatos para a chuva porque o céu estava de trovoada, sempre rezando para que a viagem corresse bem e que não apanhássemos muita chuva. Fui de óculos de sol, o que veio a revelar-se uma grande estupidez, pois ao chegarmos a Vila Real de Santo António, o S. Pedro zangou-se e abriu fogo sobre nós. Os “tiros” foram de tal ordem que tivemos que parar por baixo de um viaduto perto de Cartaya. Ali comemos e esperamos que a chuva amainasse um pouco para prosseguirmos viagem.
Tirei os óculos de sol. Arrancámos e passado pouco tempo o S. Pedro reconheceu o acto e deixou passar um sol esplendoroso, que foi um verdadeiro maná para o corpo e alma, na nossa paragem na área de serviço de Los Trigueros, próximo de Huelva, onde nos restabelecemos ao sol quais tartarugas megascooteiras.
Voltei a colocar os óculos. Bom, gozar com S. Pedro uma vez ainda vá que não vá, mas duas vezes é demais. S. Pedro pensou: “Estás a gozar comigo? Então toma lá chuva!... Mãezinha, antes de chegarmos a Sevilha, o dilúvio era de tal dimensão que não se via um palmo à frente do nariz (ou do capacete), mas molhados por molhados, lá fomos seguindo.
Chegamos a Sevilha por volta do meio dia e paramos junto à Torre del Oro, para avaliar as nossas opções. Se por um lado queria encontrar o banco de Espanha para trocar umas fatídicas Pesetas cheias de naftalina que tenho em casa, por outro não queria fugir muito daquela rua que era a que nos levava ao estádio do Bétis para o encontro combinado.
Decidimos andar mais um pouco e encontrar um local para comer comida típica andaluza. E encontramos. Bem próximo do estádio, havia uma bodega histórica do tempo de Cristóvão Colombo (o tal que dizem que era Genovês, mas afinal era bem Português. Não acreditam? Então como é que raio um tecelão Genovês sem instrução chega à Fala com os reis de Portugal e de Espanha, aprende navegação e casa com uma familiar do Rei de Portugal? Pela Net? Em 1500? Era mais certo ir para a Forca do que chegar perto do rei com uma proposta louca na época. Pois fiquem sabendo: Colombo tinha sangue Judeu e era Português!). Essa bodega bem apelativa dava pelo nome de Burger King… Não pensem que é mentira pois quando Cristóvão Colombo chegou à América já os índios comiam Big Mac e Menu Wooper.
Descansamos um pouco, atestamos de gasosa e fomos para o estádio para logo encontrarmos o casal mais conhecido do mundo Ibérico das Megascooter, o Sérgio “Speaker” e Esme, do MC Madrid.
Fizemos malas e zarpamos, pois S.Pedro não manda em Sevilha e por lá o sol espreitava, agradável. Nós como bons Tugas (sempre a pensar no pior como no Fado), para além da galinha e do garrafão de vinho, continuamos com o fatinho vestido, não fosse o diabo tecê-las. O grupo saiu junto, mas assim que entramos de novo nos domínios de S. Pedro; toma lá mais chuva. Era ver alguns companheiros de Sevilha a encostar para vestirem os impermeáveis. Seguimos sozinhos pois as T Max, BMW, B650, Silver Wings e Gold Wings, logo desapareceram da vista, o que fez com que não tivéssemos virado em Los Barrios e seguimos pelo percurso maior por Cádiz. Lá fomos, mas na saída de Cádiz para Algeciras encontramos o Miguel Sarria e outro casal que também se tinham enganado. Aqui o Miguel expôs-nos a gravidade da situação. Faltavam 50 minutos para as 6 horas (hora combinada) e 90 Km para Algeciras (em caminhos de cabras)… então por proposta do Miguel (e não minha, suas mentes poluídas), ele levou a minha pendura (pervilégios de quem tem uma mota melhor…), para que eu pudesse ir mais depressa. Aqui o Miguel impôs o ritmo e meus amigos, aquela treta batia nos 150 Km/h (quando finalmente encontramos a autoestrada). Os quilómetros subiam a um ritmo impressionante, mas as horas desciam a uma velocidade ainda maior. Dong Dong Dong 18 horas e ainda faltavam 20 Km, ai ai.
Chegamos ao cais de embarque eram 18h15.
Beijinhos, beijinhos e toca a embarcar que se faz tarde. Primeiro as motas, lindas a entrar no ferry. Fotos e mais fotos de Algeciras, Gibraltar, enfim, tudo bem documentado para a posteridade.
O Sérgio aproveitou para ler o programa do encontro e disse que durante o almoço de sábado iríamos ter 3 miúdas a fazer dança do ventre completamente nuas, o que animou as hostes masculinas, mas afinal tudo não passava de uma brincadeira de muito mau gosto, diga-se (hehehehehe).
Á chegada tínhamos à nossa espera a policia e dois elementos à civil. Não, não era a Judite ou a policia alfandegária, eram sim os nossos cicerones do turismo que nos iriam acompanhar durante todo o fim de semana.
Seguimos em direcção ao Parador “La Muralha” para despejar os sacos e colocamos as motas em exposição na Gran Via. Ele era a RTP lá do sitio, ele eram Jornais…É pá sentimo-nos muito importantes. A sério. Então vimos nós lá da santa terrinha, onde ninguém nos liga pévia, não nos dão apoios para encontros, não transpõem a directiva comunitária para circulação com carta de automóvel e aqui somos recebidos com pompa e circunstância. Ainda por cima no salão do trono pelo próprio vereador do turismo que nos acompanhou nessa noite.
O palácio é lindo, muito bem decorado e conservado. Por lá tudo cheira a Portugal, ou não fossem os Portugueses os primeiros conquistadores de Ceuta. Não fosse a época Filipina e ainda Ceuta era nossa. Paciência, aquilo também fica um pouco longe e nós sempre temos o grande Alberto João e a sua Madeira (grande? Só se for em gordura e má língua… Desculpem mas não me contive). Havia lá um estandarte, da coroa Portuguesa de mil quatrocentos e troca o passo, que o rei levou durante a campanha de Ceuta, com Luís Figo, Pauleta, Cristiano Ronaldo e companhia…
Postos os discursos da praxe, e a visita guiada ao palácio, tivemos um jantar volante (muito bom), oferecido pelo município.
Seguimos então a pé, já com todas a meninas guardadas num parque subterrâneo, vigiado 24 horas por dia e com espaço reservado para nosotros, até a uma zona de piscinas de água salgada que alberga o casino e várias zonas de lazer. Bebemos, ouvimos musica ao vivo, demos de dois dedos de conversa e estava feito o “balho”. Toca a vir para o hotel descansar porque o 2º dia prometia.

Dia 2.

Acordamos cedo. O Programa mandava estar à 10 horas (locais como todas as horas que aqui relato), no parque subterrâneo para transladar as montadas para a exposição da Gran Via, pois afinal esse foi o nosso único trabalho em prol do turismo de Ceuta que tão bem nos recebeu. Lá fomos nós tomar o pequeno almoço por aí, visto a organização ter decidido ( e muito bem), reservar quartos sem pequeno almoço, uma vez que cada pequeno almoço no parador eram 9 euros (cabeça). Apetece dizer como no gato fedorento…Ladrões. Era apanhá-los “sô guarda”. Se for já a correr ainda os apanha….
Passeamos pela movimentada rua do comércio de Ceuta, visto que a saída para o passeio era à 12h15, para a tradicional desfile onde não faltaram duas bandeira Portuguesas, uma nossa e outra de uma companheira Portuguesa, também Algarvia por sinal, e radicada em Espanha à 13 anos (que inveja….moça inteligente aquela). Gostámos muito do comercio em Ceuta, porque vimos lá lojas que nunca tínhamos visto, tipo Zara e Springfield.
Demos inicio ao passeio pela cidade e arredores, fazendo uma paragem estratégica no mirador Isabel II, de onde se avista toda a península, e onde se encontra um comunidade de abutres.
Até ali, o turismo tinha organizado um pequeno berberete com tapas e muitas canhas, para saciar a gula destes autênticos degustadores Ibéricos. Bebemos, mas sempre de olho na Guardia Civil, que mais ao lado também bebia alegremente as suas cervejolas, fazendo lembrar não sei bem porquê a sua congénere Portuguesa GNR.
Ao terminarmos o Sérgio “Speaker”, resolveu fazer jus ao seu nome e pegando no megafone, avisou que todos iriam de seguida ser controlados pelo teste de alcoolémia. Foi como uma bomba nuclear. Os guardas que pensavam que o Sérgio levaria em frente os seus intentos, correram a esconder os balões, para bem longe de tão abnegado cumpridor da lei…
Posto isto rumámos até à fronteira com Marrocos, onde avistamos as montanhas cujo recorte, fazem lembrar uma mulher deitada de costas e onde vimos também umas tendas daqueles que aguardam um distracção para darem o salto para a Europa.
O Tugas (três no total), estavam em pulgas, pois faltavam 10 minutos para o tão desejado jogo Portugal - Irão.
Finalmente fomos para a outra ponta da península para o famoso almoço árabe, onde tínhamos à nossa espera tambores árabes que rufavam com intensidade. TV nem vê-la. Há então que colocar em campo os nossos agentes em Portugal que nos ligavam sempre que Portugal marcava. Vá lá, que foram só dois, senão íamos à falência só em chamadas.
Entradas de cenouras, beringelas e outras iguarias, seguindo-se espetadas várias e carne estufada com passas e amêndoas. Depois veio o tradicional chá acompanhado de bolinhos típicos. Tudo 5 estrelas.
O resto da tarde foi livre e cada um fez o que lhe deu na gana; uns dormiram, outros foram para piscina do hotel e outros ainda foram para o nhefa nhefa…Nós como não somos dessas poucas vergonhas que desgraçam a humanidade, fomos como meninos bem comportados até à praia, mesmo junto do hotel e que por sinal estava despovoada. Observamos então uma habitante local que se banhava com véu, túnica ou lá como é que aquilo se chama. Lavava a cara, lavava os braços, os pés e mais nada. Acho bem, mas onde já se viu as mulheres andarem de bikini, topless e tangas meus amigos, a tentarem as cabeças fracas dos pobres homens?…
Vimos ainda uma outra local que fazia uma coisa que não percebi muito bem e que passo a descrever: Tirou qualquer coisa do soutien, parecido com chocolate, ou caldo Knorr e assim como ninguém quer a coisa, queimou para cima de tabaco que tinha numa mortalha. Depois enrolou aquilo tudo e toca a fumar (fartou-se de abanar o capacete com o seu MP3). Não percebi nada daquilo. Foi de tal maneira que quando cheguei fiz o mesmo mas aquela gaita sabia a canja de galinha não sei bem porquê…Tásse bem!
O encontro era às 21h30, o que ainda deu tempo para um banhinho na piscina do hotel. E como não há duas sem três, lá fomos nós a pé até a outro hotel próximo, para um jantar requintado ofertado por quem? Pelo turismo, lógico. Jantarinho de papilon e muito bem acompanhado por musica ambiente, que depois das entregas dos regalos e agradecimentos vários, se transformou em musica de baile. Era ver o people a dançar, até que o Sérgio, um pouco pé de chumbo (como eu) se lembrar de abrir as hostilidades e começar a debitar anedotas. Rodou a todos, até os Tugas (eu próprio) fizeram o gosto ao microfone e contaram em Portunhol algumas anedotas. Eles riram, mas ainda hoje estou para perceber se foi sorriso amarelo a bem das boas relações Ibéricas, mas lá que riram, riram.
À 1h30 da matina fomos corridos do hotel porque fazíamos muito “basqueiro” e aproveitamos, uma vez que a noite estava óptima a fazer lembrar o “nosso” Algarve, para ver os arranjos florais que enchiam as ruas para as festas da cidade.

Dia 3

Tivemos um problema de tempo. O barco que para nós, às 16h30 já era “à cola”, mudou para as 17h30 o que inviabilizou o nosso passeio pelo litoral de Ceuta e o almocinho. Viemos assim sozinhos às 11h30, nas calmas até Olhão.
No total, são 375 de Olhão a Ceuta, e numa perspectiva de passeio (100/110 Km/h) fizemos em 5 horas com paragens.

Alegações finais: O Passeio, apesar da chuva de sexta no caminho, foi mais de 5 estrelas. Muito bom. Tudo muito bem organizado, comida boa, restaurante árabe excelente, passeios óptimos e muito tempo livre para descansar a aproveitar a praia.
No próximo ano o MC Sevilla deverá organizar outro, que espera contar com 100 megas (neste eram cerca de 30). Quem puder ir que se junte à caravana, vai ver que não se arrepende.
Obrigado a todos os companheiros de Espanha que nos receberam e trataram tão bem e um abraço muito especial e Miguel Sarria, El Presidente.


Paulo Henriques e Maria do Rosário Cardoso