quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A DEMOCRACIA E A CULTURA ESTÃO MAIS POBRES

Morreu Mário Barradas, hoje, dia 19 de Novembro, pela manhã na sua casa de Lisboa.

Uma vida dedicada ao teatro, um contributo activo e fundamental para o desenvolvimento e democratização da Cultura em Portugal, nas últimas décadas, em Évora, fundou o projecto que foi referência da descentralização teatral em Portugal, projecto esse responsável pela formação de várias gerações de actores e germinação de novas estruturas artísticas.

Mário Barradas, agraciado pela Câmara de Évora com a Medalha de Mérito Municipal, Classe Ouro, foi um Homem do Teatro em toda a sua dimensão de actor, encenador, pedagogo e pensador de políticas teatrais.

Mário Barradas não foi um homem de consensos. Por vezes Polémico nas suas posições, o seu contributo foi absolutamente determinante na construção de Évora como cidade de Cultura, Classificada património Mundial.

O teatro perdeu um dos seus obreiros. Fica o seu grande exemplo de vitalidade e amor ao teatro, a Évora, à Cultura e à Democracia.

Mário Barradas foi um destacado militante do PCP.

Até sempre Mário!

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo deixo aqui as minhas memorias para que se não pense que a cultura é só um divertimento gastador de dinheiro, como nos querem fazer querer nestes tempos de "cultura dos morangos ou de espectaculos de Arena".

Logo após o 25 de Abril, e a descentralização do teatro e a consequente criação do Centro Cultural de Évora, da qual faziam parte um leque incrível de actores como o Paços, a Teresa e o Mário entre outros, eu uma criança de 8 anos fui levada ao teatro pela minha professora de teatro D. Arlete.
A primeira peça da Companhia de Teatro Profissional de Évora, era um luxo para mim, para os meus colegas e para a cidade.
Entrei nesse dia pela primeira vez no teatro Garcia de Resende, então muito mal tratado e a necessitar de muitas obras. A peça penso que o “28 de Setembro” era forte, tinha muito texto e perdoem-me os actores não me lembro de quase nada mas a figura daquele homem imenso, de voz rouca e grossa, com gestos forte e precisos, ficou na minha memoria até hoje.
Posso ainda agora fechar os olhos e vê-lo no palco a representar para um bando de miúdos, como se fossem o publico mais entendido do mundo.
Esta foi a minha primeira imagem de Mário Barradas, depois outras se seguiram no palco ou um pouco por toda a cidade, mas esta sempre se sobrepôs.
Talvez por isso eu me tenha apaixonado por esta nobre arte, talvez por isso eu tenha ido para a biblioteca pública ler outras peças de teatro, talvez por isso eu tenha enveredado pelo mundo das artes em geral.
E talvez por isso defenda hoje que a arte não necessita de ser simples ou primaria para que o publico a entenda, tem sim de ser honesta e clara.
Ao Mário devo isto como pessoa, já como eborense devo-lhe, eu e todos nós, muito mais, mas essa divida ficará por pagar, quem sabe um dia!
Lurdes