quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ERICEIRA 2007 com o NLVT do GWCP



Voltei ao sítio onde um homem criou, durante uma vida, o parque das suas diversões. É notável conseguir passar toda uma vida a brincar, a construir brinquedos e a partilhar com os outros essa imensa felicidade. Estou a falar do Senhor José Franco e do seu universo lúdico construído no Sobreiro. Este artista das Artes todas e também da Vida construiu uma amizade sólida com outro homem notável que passou a vida a brincar com as palavras: Jorge Amado.




Tudo isto vêm a propósito do fim-de-semana que o grupo constituinte do Núcleo de Lisboa do GWCP nos propiciou.


Eu já tinha hipotecado a tenda e toda a estrugia do campismo há muitos anos atrás e as recordações das viagens pela Europa de tenda às costas estavam bem guardadas na letargia do tempo. No entanto tenho para mim que a vida atravessa os mesmos estádios em patamares de conhecimento e emoção algo diferentes,transformados pela experiência, no fundo pela própria vida. E assim, homem prevenido vale por dois, tinha comprado um iglo minúsculo e umas placas de espuma com pouco mais de um centímetro.


Esse era o meu kit mínimo que me permitiria a sobrevivência num brusco movimento de retorno ao paradigma perdido, leia-se: campismo. Paradigma de aproximação a um estádio primeiro da relação com a terra, com o vento,com o cheiro da erva húmida com os sons da natureza. Este é um contexto de beleza primeira (não primitiva) que agora me pareceu emancipador e antes me parecia obrigatória dada a precariedade financeira para outras andanças.


Claro que sobrevieram algumas dores,nas ancas, no pescoço, mas isso é culpa minha, o kit era mínimo, já devia saber que para tudo é necessário o equipamento adequado. Conclusão: É urgente fazer um upgrade para um iglo decente uns colchões confortáveis e pronto!As memórias de todos os Encontros motivados pelas motas esfumam-se agora e nem alguns "soberbos" jantares em salões de festas são suficientes para superar o convívio, a partilha, a comunicação intensa que vivemos na Ericeira num contexto de total liberdade, ou seja sem reis nem gurus nem tutelas dos espaços formais que determinam comportamentos ritualizados.

Na Ericeira a génese do espírito de grupo gerado por estes brinquedos grandes realizou-se na plenitude. Aqui o grupo transbordou de generosidade, aqui chegámos despidos dos nossos outros papeis sociais e fomos apenas campistas motards. Aqui cultivámos mais a amizade que nos une independentemente das profissões, das formações académicas, das origens sócio económicas. Fomos umas dezenas, partilhámos quase tudo, até algumas sonoridades mais pessoais, não foi Aurélio?

Tudo isto acrescentou-me património. O financeiro não foi quase nada delapidado, com poucas dezenas de euros acampámos quatro pessoas, comuns meros 5 € a cada um partilhámos alimentos e bebidas e com mais alguns euros enriquecemos as refeições com sobremesas e entradas deliciosas.Nem tudo se converte ao dinheiro. A propósito disto um chefe de estado Africano dizia que, mais do que o PIB, era importante incentivar o desenvolvimento da Produção Interna de Felicidade. Foi nesse sentido que viemos mais enriquecidos da Ericeira

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